MES debate sustentabilidade diante de custos crescentes e firma 3 acordos em saúde

Movimento fechou parcerias com ANS, A.C Camargo e Hospital das Clínicas para ampliar acesso a dados e iniciativas em saúde

Por: Beatriz Oeiras - Agência de Notícias da Indústria
26/11/2025 - 17:52
MES debate sustentabilidade diante de custos crescentes e firma 3 acordos em saúde
2ª Reunião do Conselho Estratégico Institucional do Movimento Empresarial pela Saúde (MES), realizada nesta terça-feira (25), em São Paulo. Foto: Matheus Souto/CNI
A sustentabilidade do setor de saúde e os novos modelos de compartilhamento de risco na saúde suplementar foram os temas centrais da 2ª Reunião do Conselho Estratégico Institucional do Movimento Empresarial pela Saúde (MES), realizada nesta terça-feira (25), em São Paulo. O encontro, liderado pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), reuniu empresários, representantes do governo e especialistas para discutir caminhos capazes de reduzir pressões de custo e aprimorar a gestão do sistema de saúde no país.

Para o diretor-superintendente do SESI-DN, Paulo Mol, a consolidação da agenda do MES demonstra maturidade e articulação crescente no setor. “Saímos da primeira reunião muito satisfeitos por reunir tantas pessoas importantes de áreas distintas para tratar da questão da saúde e dar continuidade ao projeto. Agora, na segunda reunião, já trabalhamos para que, a partir de 2026, tenhamos um calendário regular, que nos permita seguir uma agenda tão exitosa quanto a da Mobilização Empresarial pela Inovação”, afirmou.

O presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, afirmou que a saúde deixou de ser tratada como pauta setorial e passou a ocupar posição estratégica em agendas nacionais e internacionais. “Este encontro ocorre em um momento simbólico: na última COP, a pauta da saúde ganhou centralidade, especialmente no debate sobre a resiliência das pessoas diante das mudanças climáticas. É um tema que passa a integrar de forma definitiva as nossas agendas”, avaliou. Ele acrescentou que o MES “reafirma o valor de espaços em que diferentes instituições podem dialogar e construir soluções conjuntas”.

Sustentabilidade na saúde: custos crescentes e necessidade de eficiência

Os desafios para garantir sustentabilidade ao sistema de saúde foram apresentados pelo economista Marcus Pestana, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI). Ele expôs dados sobre o aumento dos custos assistenciais, as limitações orçamentárias e a urgência de usar os recursos de forma mais eficiente, tarefa diretamente ligada à organização de redes integradas de atenção.

Pestana relacionou essas questões às transformações observadas em estudos internacionais. Ele citou o mais recente relatório da OCDE, que compara sistemas de saúde em diversos países. Segundo o documento, o gasto total com saúde no Brasil atingiu 9,3% do PIB em 2025.

O relatório também destaca que um em cada nove empregos nos países da OCDE está ligado à saúde ou à assistência social. A expectativa é de que tanto os gastos quanto a força de trabalho no setor continuem crescendo, impulsionados pelos avanços tecnológicos, pelo aumento das demandas sobre a assistência médica e pelo envelhecimento populacional.

“Somos um país populoso e com desigualdades profundas. Mais do que quanto investimos, importa como investimos. Sem eficiência, redes integradas e modelos inovadores, como os apresentados aqui é difícil avançar”, ressaltou o economista.

Modelos de compartilhamento de risco na saúde suplementar

O diretor-geral do A.C.Camargo Câncer Center, Dr. Victor Piana de Andrade, apresentou os modelos de compartilhamento de risco na saúde suplementar, destacando que esses contratos só se sustentam com grandes volumes de dados clínicos confiáveis, que dão segurança a operadoras, prestadores e contratantes.

Segundo Piana, o A.C.Camargo passou a última década estruturando detalhadamente todas as jornadas de cuidado oncológico, mapeando etapas, exames, intervalos entre visitas e consumo esperado de recursos.

“Quando transformamos as jornadas oncológicas em processos, passamos a saber exatamente o que deve acontecer em cada etapa do cuidado. Isso nos permite comparar o cuidado planejado com o cuidado real, reconhecer variações e propor modelos mais previsíveis. Sem essa massa de dados, não teríamos coragem de discutir bundles ou contratos de risk sharing como fazemos hoje”, afirmou.

Ele destacou ainda que esses modelos contribuem para melhorar a coordenação do cuidado e reduzir desperdícios, especialmente na oncologia, área de alto impacto nos custos assistenciais.

Para Fernanda De Negri, secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), os gargalos históricos, as falhas operacionais, a falta de informação e a baixa qualificação técnica ainda são desafios centrais para aumentar a eficiência dos serviços.

“É um desafio qualificar a própria administração pública para dar conta de desafios muito maiores e mais significativos do que no passado. Acho que há um grande esforço em prevenção que a gente precisa melhorar, e o câncer é um exemplo: a oncologia tem crescido muito, assim como as doenças raras, por conta do custo dos tratamentos. Atuar na prevenção dessas doenças, especialmente do câncer, envolve tecnologias para a gente fazer o nosso propósito, destacou Negri.

MES firma acordos com ANS, A.C Camargo e Hospital das Clínicas de SP

No encontro, o MES assinou acordos com a ANS, o hospital A.C.Camargo e Hospital das Clínicas da FMUSP.

O acordo com a ANS estabelece ações conjuntas para troca de informações, apoio a iniciativas de qualificação da saúde suplementar e desenvolvimento de projetos voltados à promoção da saúde e à melhoria das linhas de cuidado.

Já a parceria com o A.C.Camargo, referência em pesquisa e tratamento de câncer, prevê colaboração em pesquisa, inovação e capacitação em oncologia, além da construção de modelos de compartilhamento de risco baseados em dados reais de cuidado.

O acordo com o Hospital das Clínicas, assinado pelo superintendente do Hospital das Clínicas (HC), Antônio José Rodrigues, tem como foco ampliar o acesso em regiões subtendidas, integrar sistemas e fortalecer soluções digitais como teleconsultas e ferramentas para continuidade do cuidado.

Movimento inaugura GT sobre desenvolvimento do complexo industrial de saúde

No encontro, foi anunciado o novo Grupo de Trabalho do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que terá ações previstas no primeiro trimestre de 2026. O objetivo é mobilizar empresas para propor iniciativas que subsidiem a construção e o fortalecimento de estratégias e políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da cadeia produtiva de saúde.

Atualmente, o MES conta com grupos de trabalho em três frentes:

  • Dados e Inteligência em Saúde: tomada de decisão baseada em dados, com foco em gestão populacional e melhoria contínua dos resultados clínicos;
  • Saúde Mental e Emocional: estratégias de atuação e otimização de protocolos de cuidado e investimentos em saúde mental;
  • Modelos Sustentáveis de Saúde Suplementar: propostas de novos modelos de remuneração, considerando valor em saúde e riscos compartilhados.

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