Inteligência artificial: equilíbrio entre inovação e responsabilidade
Miriam Wimmer, diretora do Conselho Diretor da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), debateu como a IA pode ser integrada aos processos corporativos de forma ética e segura, fazendo a inovação caminhar lado a lado com a integridade, e abordou o papel da ANDP face às novas tecnologias, especialmente quando o Congresso Nacional discute a regulação da inteligência artificial (IA).
Para Miriam, um dos principais desafios da Agência é se posicionar de forma equilibrada num ambiente de rápida transformação tecnológica, dada a complexa interseção entre a proteção de dados pessoais e o uso crescente da IA. “Há um dilema: encontrar o ponto de equilíbrio na abordagem regulatória, a medida justa entre a incorporação de tecnologias, para que se obtenha os benefícios trazidos pela IA, como a celeridade, a eficiência e a facilidade, sem desconsiderar a proteção de direitos”, destacou.
Para Miriam, dados podem ser comparados a petróleo ou dinamite: são motores da economia contemporânea, mas cujo mau uso pode ser explosivo, exigindo regulação cuidadosa.
Comunicação e compliance na cultura da integridade
Cristine Köhler, diretora de Promoção e Avaliação de Integridade Privada da Controladoria-Geral da União (CGU) e André Curvello, diretor de Comunicação da CNI, debateram o papel fundamental que a comunicação exerce na cultura da integridade e na construção e manutenção da imagem e reputação das instituições.
Na visão da CGU, a comunicação assegura a efetividade do programa de integridade e é instrumento de inspiração e motivação. “Somente através da comunicação o programa de integridade pode repercutir positivamente na reputação da organização”, destacou. Cristine ressaltou ainda que o canal de denúncias é elemento essencial do programa de integridade, mas precisa ser divulgado, não basta estar operante. “Todo o corpo de colaboradores e agentes com o qual a empresa se relaciona precisa saber da existência desse canal”.
O diretor de Comunicação da CNI destacou que a comunicação não pode ser vertical, de cima para baixo, tem que ser horizontal, senão não funciona, e precisa engajar as pessoas. “Se não tiver solidez e consistência, o processo de integridade vira um castelo de areia. Ele precisa estar no dia a dia e ser vivenciado pela instituição”, disse Curvello. “A comunicação deve ser a promotora da integridade no ambiente de trabalho”, complementou.
Nesse aspecto, ressaltou a importância da qualidade e da assertividade da informação e o uso de canais e linguagem adequados, buscando combater a desinformação, as
fake news e o excesso de informação (“infoxicação”). Para isso, o uso instrumentos como pesquisas são uma forma eficiente de direcionar melhor as ações de comunicação.
Equipe da Gerência de Integridade do CN-SESI - Foto: Mariana Raphael/CN-SESI
Prêmio destaca melhores práticas em compliance e integridade nos estados
Este ano, o encontro trouxe uma novidade, a entrega do Prêmio de Melhores Práticas em Compliance e Integridade, que busca valorizar, reconhecer e compartilhar experiências que fortalecem a cultura da ética, da transparência e da integridade no Sistema Indústria.
Na revelação dos vencedores e entrega da premiação, terça-feira (28) à noite, o diretor nacional do SENAI, Gustavo Leal, representando o presidente da CNI, Ricardo Alban, falou sobre a importância do compliance em programas estratégicos, como o Mover e o Brasil+Produtivo. “Estou muito confortado por ver tanta gente preocupada com processos e governança”, destacou, referindo-se ao interesse e mobilização de órgãos, instituições e empresas em instituir áreas estruturadas de compliance e integridade.
Danusa Costa Lima destacou que todas as iniciativas inscritas mereciam prêmio, dada a qualidade dos projetos inscritos, e que, como legado, a CNI preparou um catálogo registrando os projetos, material que serve para criar um referencial para o futuro. “Eu espero que essas iniciativas inspirem outros departamentos regionais do Sistema Indústria”, disse.
Iniciativas de cinco federações - Ceará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina - foram selecionadas como finalistas. Os vencedores foram:
1º lugar: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc)
Iniciativa: Conflito de interesse: excelência em governança e controle interno. Processo automatizado de gestão de conflito de interesses que tem o objetivo de detectar potenciais irregularidades e permitir uma resposta rápida e eficaz a eventuais conflitos. O processo é aplicável a todos os colaboradores e impulsionado pela inteligência de dados por meio de BI (Business Intelligence).
2º lugar: Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepb)
Iniciativa: Compliance Itinerante. Percorre todas as unidades do SESI, SENAI, FIEPE/IEL e as áreas corporativas e de consultoria com o propósito de ampliar o engajamento dos colaboradores, promover a integridade nas rotinas organizacionais e fortalecer a cultura ética e de conformidade. A prática mobiliza gestores e equipes operacionais por meio de um cronograma estruturado de visitas presenciais, nas quais são realizadas apresentações personalizadas, adaptadas à realidade e aos riscos de cada unidade.
3º lugar: Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)
Iniciativa: Atualização do programa de gerenciamento de riscos. O projeto fomentou uma cultura de gerenciamento de riscos na qual os riscos são identificados, discutidos e analisados por todos. A iniciativa ampliou a atuação de áreas com conhecimento especializado, como Jurídico e Auditoria Interna, e aprimorou o processo, ao refinar a visão de riscos das áreas, destacando aqueles que demandam ações prioritárias de mitigação.
O Núcleo de Soluções de Integridade, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), e a Cultura de Gestão de Riscos, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), ficaram em 4º e 5º lugar, respectivamente.