Sistema Indústria debate estratégias para fortalecimento do compliance e premia melhores práticas

Encontro nacional promovido pelo CN-SESI e pela CNI promoveu reflexões sobre o uso da inteligência artificial e o papel da comunicação na promoção da integridade de dados e informações

Por: Silvia Cavichioli - CNI
03/11/2025 - 12:30
Sistema Indústria debate estratégias para fortalecimento do compliance e premia melhores práticas
Foto: Mariana Raphael/CN-SESI
Integrantes da Rede Colaborativa de Compliance do Sistema Indústria de todo o país se reuniram esta semana, em Brasília, no Encontro Nacional de Compliance e Integridade. Realizado em parceria pelo Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (SESI)  e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o evento promove a troca de experiências e fortalece a cultura de integridade e transparência corporativa. 

Nesta edição, o encontro discutiu o uso da inteligência artificial (IA), o papel da comunicação e ações estratégicas de compliance e premiou três iniciativas de federações estaduais consideradas exemplares para a disseminação e o fortalecimento das práticas relacionadas ao tema.

Danusa Costa Lima, superintendente de Compliance e Integridade da CNI, abordou como o compliance se integra e faz parceria com outras áreas das instituições, numa atuação conjunta e essencial para a prevenção de riscos e a tomada de decisões. “O compliance tem que trabalhar em equipe, precisa atuar em conjunto, mesmo sabendo que pode apontar a necessidade de ajustes nas ações inicialmente pensadas pelas áreas”, disse. “Ele, o compliance, não pode aparecer quando o problema explode, ele tem papel de prevenção. Se o gestor é surpreendido, é porque a crise já se instalou”, disse.

Danusa destacou que o compliance já é visto como área estratégica e está recebendo investimentos crescentes, ajudando a desenvolver ações das instituições em prol do pertencimento ao negócio. Deu exemplos e estratégias para envolver e despertar o interesse dos colaboradores, como a realização de treinamentos e atividades com abordagens criativas, e ressaltou a importância da comunicação, arma poderosa para o compliance. “Não vamos sensibilizar o colaborador se não conseguirmos nos comunicar bem”, disse. 
 
Conformidade: elemento de unidade e diálogo

O presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, ressaltou que a conformidade é um eixo essencial para o fortalecimento do Sistema Indústria. “A conformidade vai além da discussão técnica do compliance. Ela está estruturada na lógica da manutenção e da coesão do sistema, e isso é muito significativo. Nascemos como um sistema confederativo e, como tal, quando há algo em disputa, as posições precisam ser coesas. A conformidade, portanto, é a base que mantém a unidade e o diálogo entre os 27 estados e a Confederação”, afirmou.


Presidente Fausto Junior ressalta a importância da conformidade para o fortalecimento do Sistema Indústria. Foto: Mariana Raphael/CN-SESI

Fanie Ofugi, gerente de Integridade do Conselho Nacional do SESI, destacou que a área atua de forma transversal dentro da instituição. Segundo ela, a gestão atual possui uma diretriz definida para as tratativas do programa, com foco em uma abordagem educativa e formativa nas ações.

“É dessa forma que vamos contribuir para a construção da cultura de integridade no nosso dia a dia. É construir a partir da perspectiva coletiva, das diferenças e das riquezas que elas trazem, fazendo com que cada um de nós tenha consciência do valor ético. No final das contas, tudo volta para o mesmo ponto: cultura de integridade”, disse.

Inteligência artificial: equilíbrio entre inovação e responsabilidade

Miriam Wimmer, diretora do Conselho Diretor da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), debateu como a IA pode ser integrada aos processos corporativos de forma ética e segura, fazendo a inovação caminhar lado a lado com a integridade, e abordou o papel da ANDP face às novas tecnologias, especialmente quando o Congresso Nacional discute a regulação da inteligência artificial (IA). 

Para Miriam, um dos principais desafios da Agência é se posicionar de forma equilibrada num ambiente de rápida transformação tecnológica, dada a complexa interseção entre a proteção de dados pessoais e o uso crescente da IA. “Há um dilema: encontrar o ponto de equilíbrio na abordagem regulatória, a medida justa entre a incorporação de tecnologias, para que se obtenha os benefícios trazidos pela IA, como a celeridade, a eficiência e a facilidade, sem desconsiderar a proteção de direitos”, destacou. 

Para Miriam, dados podem ser comparados a petróleo ou dinamite: são motores da economia contemporânea, mas cujo mau uso pode ser explosivo, exigindo regulação cuidadosa. 

Comunicação e compliance na cultura da integridade

Cristine Köhler, diretora de Promoção e Avaliação de Integridade Privada da Controladoria-Geral da União (CGU) e André Curvello, diretor de Comunicação da CNI, debateram o papel fundamental que a comunicação exerce na cultura da integridade e na construção e manutenção da imagem e reputação das instituições.

Na visão da CGU, a comunicação assegura a efetividade do programa de integridade e é instrumento de inspiração e motivação. “Somente através da comunicação o programa de integridade pode repercutir positivamente na reputação da organização”, destacou. Cristine ressaltou ainda que o canal de denúncias é elemento essencial do programa de integridade, mas precisa ser divulgado, não basta estar operante. “Todo o corpo de colaboradores e agentes com o qual a empresa se relaciona precisa saber da existência desse canal”.

O diretor de Comunicação da CNI destacou que a comunicação não pode ser vertical, de cima para baixo, tem que ser horizontal, senão não funciona, e precisa engajar as pessoas. “Se não tiver solidez e consistência, o processo de integridade vira um castelo de areia. Ele precisa estar no dia a dia e ser vivenciado pela instituição”, disse Curvello. “A comunicação deve ser a promotora da integridade no ambiente de trabalho”, complementou.

Nesse aspecto, ressaltou a importância da qualidade e da assertividade da informação e o uso de canais e linguagem adequados, buscando combater a desinformação, as fake news e o excesso de informação (“infoxicação”). Para isso, o uso instrumentos como pesquisas são uma forma eficiente de direcionar melhor as ações de comunicação.


Equipe da Gerência de Integridade do CN-SESI - Foto: Mariana Raphael/CN-SESI

Prêmio destaca melhores práticas em compliance e integridade nos estados

Este ano, o encontro trouxe uma novidade, a entrega do Prêmio de Melhores Práticas em Compliance e Integridade, que busca valorizar, reconhecer e compartilhar experiências que fortalecem a cultura da ética, da transparência e da integridade no Sistema Indústria.

Na revelação dos vencedores e entrega da premiação, terça-feira (28) à noite, o diretor nacional do SENAI, Gustavo Leal, representando o presidente da CNI, Ricardo Alban, falou sobre a importância do compliance em programas estratégicos, como o Mover e o Brasil+Produtivo. “Estou muito confortado por ver tanta gente preocupada com processos e governança”, destacou, referindo-se ao interesse e mobilização de órgãos, instituições e empresas em instituir áreas estruturadas de compliance e integridade.

Danusa Costa Lima destacou que todas as iniciativas inscritas mereciam prêmio, dada a qualidade dos projetos inscritos, e que, como legado, a CNI preparou um catálogo registrando os projetos, material que serve para criar um referencial para o futuro. “Eu espero que essas iniciativas inspirem outros departamentos regionais do Sistema Indústria”, disse.

Iniciativas de cinco federações - Ceará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina - foram selecionadas como finalistas. Os vencedores foram:

1º lugar: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc)
Iniciativa: Conflito de interesse: excelência em governança e controle interno. Processo automatizado de gestão de conflito de interesses que tem o objetivo de detectar potenciais irregularidades e permitir uma resposta rápida e eficaz a eventuais conflitos. O processo é aplicável a todos os colaboradores e impulsionado pela inteligência de dados por meio de BI (Business Intelligence).

 2º lugar: Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepb)
Iniciativa:
 Compliance Itinerante. Percorre todas as unidades do SESI, SENAI, FIEPE/IEL e as áreas corporativas e de consultoria com o propósito de ampliar o engajamento dos colaboradores, promover a integridade nas rotinas organizacionais e fortalecer a cultura ética e de conformidade. A prática mobiliza gestores e equipes operacionais por meio de um cronograma estruturado de visitas presenciais, nas quais são realizadas apresentações personalizadas, adaptadas à realidade e aos riscos de cada unidade.

 3º lugar: Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep)
Iniciativa: 
Atualização do programa de gerenciamento de riscos. O projeto fomentou uma cultura de gerenciamento de riscos na qual os riscos são identificados, discutidos e analisados por todos. A iniciativa ampliou a atuação de áreas com conhecimento especializado, como Jurídico e Auditoria Interna, e aprimorou o processo, ao refinar a visão de riscos das áreas, destacando aqueles que demandam ações prioritárias de mitigação.

O Núcleo de Soluções de Integridade, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), e a Cultura de Gestão de Riscos, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), ficaram em 4º e 5º lugar, respectivamente.

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