O Sistema FIERGS formalizou, nesta quarta-feira (15), a doação de novos equipamentos para a área da educação e lançou o documentário Quando a Água Baixar, que retrata a atuação da entidade durante a tragédia climática de 2024. As ações integram a terceira fase do projeto Apoio às Populações Afetadas pelas Enchentes no RS, do Sistema FIERGS, para auxiliar a reconstrução das indústrias e comunidades gaúchas impactadas. O evento, realizado no teatro da entidade, em Porto Alegre, reuniu colaboradores e autoridades.
Para o presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier, o evento mostrou a maior operação de resposta a desastre da história da entidade e foi duplamente simbólico: “Desde o primeiro dia, sabíamos que o papel da FIERGS era ajudar as empresas e as comunidades. Atendemos milhares de indústrias e cuidamos de milhares de pessoas. Reconstruir não é só levantar prédios, é reconstruir vidas. Por isso, hoje também firmamos termos de doação de equipamentos educacionais, que vão beneficiar centenas de alunos e professores”, disse.

Foto: Leonardo Oliveira Dalla Porta/FIERGS
Um Protocolo de Intenção foi assinado junto à Secretaria Estadual de Educação (Seduc), a fim de beneficiar 152 escolas estaduais já atendidas na fase anterior do projeto. O documento prevê a doação de kits de robótica educacional, com 1.256 chromebooks e 1.240 GoGo Boards (equipamento pedagógico para ensino de robótica), impactando mais de 8 mil alunos.
A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, agradeceu o apoio do Sistema FIERGS e do Conselho Nacional do Sesi e acrescentou que o setor ainda está se reconstruindo, com foco em adaptações para o futuro. “É na educação, na criança, no adolescente, na ciência e no conhecimento que está esse futuro. O grande legado que ficará de todo esse sofrimento é a escola resiliente que estamos criando, com três pilares: infraestrutura, currículo e protocolos. Estamos saindo maiores e mais fortes do que vivemos”, observou.

Foto: Leonardo Oliveira Dalla Porta/FIERGS
A assinatura do segundo Protocolo de Intenção foi com a prefeitura de Eldorado do Sul, formalizando a doação de 500 notebooks para uso educacional, a formação de professores em robótica e a disponibilização da plataforma Desafios do Conhecimento — ferramenta digital para recomposição de aprendizagens após interrupções letivas, desenvolvida em conjunto com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). “Agradeço a atuação do projeto grandioso do Sistema FIERGS no nosso município, com a recomposição da aprendizagem e atendimentos psicológicos aos nossos professores. É um trabalho de dedicação que tem sido fundamental para o nosso recomeço”, disse a secretária municipal de Educação de Eldorado do Sul, Tatiane Soares Correa.
Quando a Água Baixar
Exibido pela primeira vez nesta quarta-feira, no Teatro FIERGS, o documentário Quando a Água Baixar resgata histórias de solidariedade, reconstrução e esperança após a tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024. A obra foi realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) e produzida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), com apoio do Conselho Nacional do Sesi.
A produção tem como objetivo preservar a memória da maior operação de resposta a desastres do Sistema FIERGS, compartilhar aprendizados e protocolos desenvolvidos, bem como humanizar as histórias de superação e solidariedade. Assim, retrata as ações de apoio do Sesi, com um reencontro entre profissionais que atuaram para minimizar os impactos da tragédia e moradores que vivenciaram de perto as consequências das cheias.
Emocionado com os depoimentos do documentário, o presidente Claudio Bier ressaltou que o Sistema FIERGS tem orgulho de fazer parte dessa reconstrução e de mostrar, com ações, o valor das parcerias entre órgãos públicos e privados. Lembrou, ainda, que a sede da entidade foi fortemente atingida pelas enchentes e agradeceu a todos que colaboram com a recuperação do estado: “Hoje, cada espaço reconstruído é um lembrete de que precisamos agir com responsabilidade climática. O documentário que vimos mostra o tamanho do desafio, mas também a força da indústria gaúcha e a importância da união".

Foto: Leonardo Oliveira Dalla Porta/FIERGS
O presidente do Conselho Nacional do Sesi, Fausto Augusto Junior, reforçou que a reconstrução do Rio Grande do Sul foi resultado de um trabalho coletivo que uniu instituições, comunidades e voluntários. “As ações coordenadas pelo Sesi-RS contaram com importante apoio dos governos municipal, estadual e federal, e só foram possíveis graças à união entre poder público, iniciativa privada e comunidade. Que este documentário sobre a tragédia no Rio Grande do Sul possa reconhecer e valorizar o papel de todos que, com solidariedade e coragem, reconstruíram não apenas cidades, mas também a confiança coletiva no poder da cooperação”, disse.
A partir do projeto Apoio às Populações Afetadas pelas Enchentes no RS, o Sistema FIERGS mobilizou R$ 65 milhões, com apoio financeiro do Conselho Nacional do Sesi, além de R$ 7 milhões em recursos, doações e apoio de logística recebidos de outras federações estaduais da indústria. Em uma operação contínua, a entidade prestou atendimento às indústrias gaúchas afetadas, suas comunidades e a sociedade como um todo, incluindo a reconstrução como um de seus pilares. Mais de 80 municípios gaúchos foram alcançados, com 143 mil itens doados (entre cestas básicas, itens para escolas e para unidades de saúde) e 420 mil atendimentos de saúde.
Impacto nas escolas
Duas escolas de Eldorado do Sul utilizam, há cerca de um mês, a plataforma Desafios do Conhecimento com alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Professora de Língua Portuguesa da Escola Municipal La Hire Guerra, Viviane Barth explicou que os estudantes ficaram três meses sem aulas e, agora, trabalham com a parte de recomposição da aprendizagem, por meio de chromebooks doados pelo Sesi-RS. “Eles têm acesso à inteligência artificial e conseguem fazer consultas de vários conteúdos e pesquisas. Então, tem muito ganho. A tecnologia já está inserida no meio deles, então é muito vantajoso, eles já entram na aula com mais vontade de aprender”, avaliou.
Para a professora Bárbara Castro, que ensina Língua Portuguesa na Escola Nossa Senhora Medianeira, o projeto de recomposição com a parceria do Sesi-RS tem sido muito positivo. “Isso fez com que tivéssemos alunos mais engajados, curiosos e confiantes para realizar as tarefas. Os resultados estão sendo bem bons, porque temos vários recursos que podemos utilizar para inovar na educação. Com esse auxílio, agora temos aulas mais dinâmicas”, comentou.