Educação inclusiva é tema da 7ª Roda de Conversa promovida pelo Conselho Nacional do SESI em Palmas (TO)

Realizada em parceria com o Departamento Nacional e o Departamento Regional do SESI Tocantins, a iniciativa reuniu professores de várias regiões do país para compartilhar suas experiências em sala de aula

Por: Luisa Bretas e Najara Barros
07/10/2025 - 22:19
Educação inclusiva é tema da 7ª Roda de Conversa promovida pelo Conselho Nacional do SESI em Palmas (TO)
Sétima edição da Roda de Conversa traz para o debate a educação inclusiva. Foto: Jean Costa/SESI-TO
Nesta terça-feira, 7, a Escola SESI Tocantins sediou a 7ª edição da Roda de Conversa “O Conselho Quer Ouvir”, dedicada ao tema da educação inclusiva. O encontro na cidade de Palmas promoveu um espaço de diálogo sobre práticas pedagógicas, desafios e avanços na construção de uma escola acessível a todos.

A iniciativa é uma realização do Conselho Nacional do SESI, em parceria com o Departamento Nacional e o Departamento Regional do SESI Tocantins.

Para o presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, sociólogo e professor, a educação inclusiva é uma pauta que envolve tanto política pública quanto cuidado institucional dentro do SESI. Ele destaca que espaços de diálogo, como a roda de conversa, são essenciais para fortalecer o debate e construir soluções efetivas.


Presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, afirma que é preciso ouvir, entender as mudanças em curso e trazer essas vozes para dentro da gestão. Foto: Jean Costa/SESI-TO

Segundo ele, é preciso ouvir e compreender os desafios vividos por quem está na ponta para que essas experiências orientem a formulação das políticas públicas. “O chão da escola é o que deve orientar nossas decisões. Ouvir vocês, professores, é o caminho para transformar a política educacional”, disse, ao conversar com educadores durante a roda de conversa.

O superintendente do SESI Tocantins, Fernando Wirthmann Ferreira, destacou a importância da roda de conversa como um espaço essencial para conhecer e atender às diversas realidades regionais do Brasil, reafirmando a educação como um direito de todos.


Fernando Wirthmann Ferreira reforça que a roda de conversa é espaço essencial para conhecer e atender às diversas realidades regionais do Brasil. Foto: Jean Costa/SESI-TO

“Esse diálogo, junto com o Conselho Nacional, é extremamente valioso, pois permite uma escuta qualificada e um olhar atento às particularidades locais. É a partir disso que podemos aprimorar nosso trabalho e avançar rumo a uma educação cada vez mais inclusiva e comprometida com a equidade.”

Inovação e inclusão

Um dos temas trazidos pela educadora Marcela Martins foi o impacto da tecnologia nas práticas pedagógicas. Presente no cotidiano escolar e na vida dos estudantes, a inovação tem exigido dos professores novas formas de adaptação e o uso de recursos digitais como aliados na promoção da inclusão.

Para Marcela, supervisora da Unidade Escolar de Araguaína e interlocutora do Núcleo de Formação do SESI Tocantins que participou da iniciativa pela primeira vez, a tecnologia é uma grande aliada da educação inclusiva e, quando bem aplicada, pode agregar real valor à aprendizagem.

“A tecnologia, quando usada de forma intencional, amplia as possibilidades de acesso, desenvolvimento e participação, além de favorecer a adaptação de conteúdos e a facilitação do processo educacional. No entanto, é essencial que seu uso tenha um propósito definido, evitando atividades sem objetivo que acabam resultando em perda de tempo”, afirmou.

Coordenador de Educação Inclusiva do SESI Ceará, Douglas Carioca, reforçou que as tecnologias possuem um papel essencial na educação inclusiva. No entanto, os professores devem estar preparados para utilizá-las com intencionalidade pedagógica.

“Recursos digitais de acessibilidade, softwares leitores de tela, jogos educativos adaptados e plataformas interativas têm ampliado o acesso e a autonomia dos estudantes com deficiência. No entanto, o impacto real depende da formação docente para usar essas ferramentas de forma crítica e criativa. A tecnologia, sozinha, não inclui; mas nas mãos de um professor sensível e preparado, ela se torna uma ponte poderosa.”

Professora do SESI no Acre, Gleicinara Andrade destacou que as tecnologias têm o potencial de ampliar o acesso ao conhecimento e promover maior autonomia entre os estudantes.

“Recursos como leitores de tela, aplicativos de comunicação alternativa, plataformas adaptadas e ferramentas interativas permitem personalizar as estratégias pedagógicas, aproximando o conteúdo das necessidades de cada aluno”, afirmou.

Desafios e aprendizados

A roda de conversa foi marcada pelos relatos de educadores que destacaram as dificuldades em transformar o discurso da inclusão em práticas efetivas nas escolas.


O coordenador de Educação Inclusiva do SESI Ceará, Douglas Carioca, reforçou que as tecnologias possuem um papel essencial na educação inclusiva. Foto: Jean Costa/SESI-TO

Para Douglas Carioca, o principal desafio é fazer com que a inclusão ultrapasse o campo teórico e se consolide no dia a dia escolar. Segundo ele, isso requer formação continuada, apoio técnico e preparo adequado para atender, de forma efetiva, os estudantes com deficiência. “A inclusão é uma via de mão dupla, em que todos aprendem — alunos, professores e gestores”, afirmou.

O coordenador também compartilhou os avanços do Ceará e o compromisso do estado com a inclusão. Segundo ele, as escolas do SESI têm ampliado as salas de recursos multifuncionais e fortalecido a formação dos profissionais do Atendimento Educacional Especializado.

“Além das salas de recursos multifuncionais e formação de profissionais, também temos intensificado a articulação para o uso adequado dos recursos disponíveis e o trabalho conjunto com as famílias dos alunos atípicos, promovendo encaminhamentos para profissionais externos e terapias que contribuam para o desenvolvimento dos estudantes”, detalhou Douglas.

As salas de recursos multifuncionais também estão presentes no Acre. Gleicinara Andrade contou que a estruturação da sala no estado, junto com a contemplação de uma coordenação de educação especial, facilitou a inclusão dos alunos.

“Conseguimos observar avanços significativos, principalmente com a sala de recursos multifuncionais e, desde 2022, com a coordenação de educação especial. Neste ano, a sala foi dividida por segmento, o que impactou diretamente no aumento da frequência dos nossos estudantes”.

Ela também comentou sobre os desafios enfrentados no cotidiano escolar, destacando que um dos maiores é assegurar a participação efetiva de todos os estudantes nas atividades, respeitando seus diferentes ritmos e formas de aprender. “Com isso, o maior aprendizado tem sido compreender que a inclusão transforma não apenas a vida dos alunos público-alvo da educação especial, mas toda a dinâmica escolar, promovendo empatia, respeito e novas formas de ensinar”, ressaltou.

Já Marcela Martins destacou que, na Escola SESI Tocantins, o trabalho é orientado por documentos obrigatórios como o Plano de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) e o Plano Educacional Individualizado (PEI), que registram e acompanham o desenvolvimento de cada estudante, garantindo suporte contínuo ao processo de aprendizagem.

“Realizamos uma avaliação inicial dos estudantes e atuamos de forma gradativa, sensibilizando a equipe pedagógica e aproximando as famílias do processo de aprendizagem. Documentar essa parte burocrática é crucial para o desenvolvimento do aluno, e evoluímos significativamente nesta área do ano passado para cá”, disse.

“O Conselho Quer Ouvir”

O Conselho Nacional do SESI é composto por uma estrutura tripartite que reúne os 27 presidentes das Federações das Indústrias dos estados, seis representantes das centrais sindicais brasileiras e três representantes do governo federal. A instância exerce um papel estratégico na definição de diretrizes, fiscalização e indução de políticas voltadas à promoção da educação, saúde, cultura e esporte para os trabalhadores da indústria, seus dependentes e, de forma mais ampla, para a sociedade brasileira.

Alinhado a essa missão institucional, o Conselho lançou, no início deste ano, a iniciativa das rodas de conversa com o mote “O Conselho Quer Ouvir”. A proposta busca consolidar um espaço permanente de diálogo, escuta qualificada e troca de experiências com quem vivencia, no dia a dia, os desafios e transformações nas áreas de atuação do SESI — como educação, esporte, cultura e temas transversais relacionados a essas dimensões.


A 7ª edição da Roda de Conversa promovida pelo Conselho Nacional do SESI, aconteceu em Palmas (TO). Foto: Jean Costa/SESI-TO

Segundo o presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, a proposta da sétima edição foi aproximar a gestão da realidade vivida nas salas de aula, promovendo um diálogo comprometido com a construção de propostas.

“A intenção é ouvir os professores. Eu sou professor, comecei a dar aulas aos 19 anos, e sei o quanto é importante acompanhar de perto quem está na sala de aula. Precisamos escutar, entender as mudanças em curso e trazer essas vozes para dentro da gestão, a fim de propor caminhos efetivos,” afirma Fausto.

A gerente do Centro SESI de Formação em Educação do SESI, Kátia Maragon, ressaltou a importância da integração entre as entidades nacionais e regionais para fortalecer a formação e promover práticas pedagógicas conectadas às realidades locais.

“A roda de conversa é um momento valioso para ouvir os professores que estão na linha de frente, vivenciando diariamente os desafios e as conquistas da educação inclusiva. Essa escuta qualificada nos permite compreender melhor a realidade das salas de aula e aperfeiçoar nossas estratégias de apoio, para que cada estudante tenha acesso a uma educação verdadeiramente inclusiva e transformadora.”

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