A primeira reunião do Conselho Estratégico Institucional do Movimento Empresarial pela Saúde, iniciativa do Departamento Nacional do SESI em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), ocorreu na última quinta-feira (25), em São Paulo, e contou com a presença do Conselho Nacional do SESI. O encontro reuniu representantes do governo e do setor privado para discutir o cenário da saúde no país e a gestão corporativa do setor.
Durante o evento, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a criação do Fundo de Investimento em Infraestrutura de Saúde (FIIS-Saúde), operado pelo BNDES. O fundo terá R$ 20 bilhões destinados à saúde e à educação. Metade do valor será aplicada ainda em 2025; o restante, em 2026.

Os recursos vão financiar a construção, ampliação e modernização de unidades de saúde em todo o Brasil. Também serão usados para compra de equipamentos — nacionais credenciados ou importados quando não houver equivalente no país —, transporte sanitário (vans, ambulâncias, barcos e helicópteros) e serviços de instalação e manutenção.
Estados, municípios e hospitais privados ou filantrópicos que aderirem ao programa “Agora Tem Especialistas”, lançado em junho, terão acesso a linhas de financiamento com juros abaixo de 6% ao ano. O edital deve ser publicado nos próximos dias.
Segundo Padilha, a criação do fundo e a atuação do movimento empresarial representam oportunidade de ampliar negociações e reforçar a agenda da saúde no Brasil e no cenário internacional.
“O Brasil é o único país no mundo com um mercado público de mais de 200 milhões de habitantes capaz de oferecer saúde como direito. Esta iniciativa é uma oportunidade de transformar o debate em diálogo permanente, estimular a inovação, incorporar tecnologias, a exemplo das cabines de saúde do SESI, fortalecendo a indústria nacional”, afirmou.
Alinhamento estratégico entre setor industrial e governoO presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, disse que o Movimento Empresarial pela Saúde é fundamental como instância de cooperação entre governo e setor privado.

“Estamos diante de transformações aceleradas, que exigem novas respostas e soluções inovadoras. O Movimento Empresarial pela Saúde se afirma como um espaço estratégico para o diálogo e a construção conjunta de caminhos. Ao reunir governo e empresas, o MES reforça o potencial do país de integrar visões e alinhar interesses com o objetivo de desenvolver um sistema de saúde preparado para os desafios do século XXI", afirmou.
O presidente da CNI e conselheiro do CN-SESI, Ricardo Alban, reforçou a relevância crescente do movimento.

“Apesar de recente, o MES já demonstra impacto. Vai além da questão dos custos. Trata do bem-estar e da produtividade. É uma pauta estratégica não apenas para a saúde, mas também para o crescimento da indústria e do país.”
Desafios e transformações do setor da saúde
Os painéis técnicos discutiram o papel da saúde nas empresas, os impactos das novas tecnologias e a sustentabilidade dos modelos de financiamento.
O diretor de Pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), Rudi Rocha, apresentou um panorama dos sistemas de saúde no Brasil, destacou os atuais desafios da saúde suplementar e apontou a necessidade de repensar as relações público-privadas.
Na sequência, o diretor executivo e conselheiro da Ambev, Edson Carlos De Marchi, defendeu a criação de mecanismos de incentivo mais sustentáveis, capazes de equilibrar a remuneração entre empresas e trabalhadores e, ao mesmo tempo, garantir qualidade nos serviços prestados.
A secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ministério da Saúde), Fernanda de Negri, reforçou que a pressão sobre os custos do setor está diretamente ligada à introdução de novas tecnologias. Para ela, a saída está no diálogo entre diferentes atores.

“Com o envelhecimento populacional e a incorporação de inovações, é inevitável o aumento de custos, e precisamos encontrar soluções para isso. Mas também devemos buscar ganhos de eficiência e mensurar os resultados gerados por essas tecnologias”, afirmou.
O vice-presidente de Recursos Humanos da Volkswagen, Douglas Pereira, acrescentou que a saúde deve ser tratada como um ativo estratégico dentro das organizações. Ele defendeu a realização de parcerias para construir modelos de remuneração mais sustentáveis e transparentes.
Continuidade da agenda
A primeira reunião funcionou como espaço de escuta, debate e reflexão para definir temas e propostas que vão orientar os próximos encontros da Agenda MES 2026-2027. O objetivo é fortalecer a cooperação entre os setores público e privado na formulação de políticas de saúde mais eficazes e duradouras.
Participaram também a diretora interina de Gestão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Carla Soares, a diretora de Normas e Habilitação de Produtos da ANS, Lenise Secchin, o vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, deputado Pedro Westphalen, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Leandro Safatle, o diretor superintendente do Departamento Nacional do SESI, Paulo Mól, além de outros representantes do setor.