Fausto: “Somente políticas coordenadas podem ampliar oportunidades no mercado de trabalho”

Em painel do 14º ENAI, presidente do CN-SESI fala sobre projeto nacional de qualificação profissional com elevação de escolaridade

27/11/2024 - 18:56
Fausto: “Somente políticas coordenadas podem ampliar oportunidades no mercado de trabalho”
Professor Fausto em painel do 14º ENAI | Foto: Vanessa Ramos
O plano de qualificação profissional para alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) – objeto de acordo de cooperação assinado nesta quarta-feira (27/11) entre o SESI e o Ministério do Trabalho e Emprego – é um primeiro passo para enfrentar as desigualdades educacionais e promover o acesso a postos de maior qualidade a trabalhadores e trabalhadoras que tiveram sua evolução escolar interrompida e que estão fora do mercado formal.
 
A análise é do professor Fausto Augusto Junior, presidente do CN-SESI, feita durante painel sobre o aumento da demanda industrial por mão de obra qualificada, realizado também nesta quarta, no 14º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), em Brasília, do qual também participaram o ministro Luiz Marinho, e Gustavo Leal, diretor-geral do SENAI, instituição parceira na iniciativa.
 
Em sua explanação, Fausto lembrou que há um descasamento entre necessidade de mão de obra e pessoas que procuram emprego, mas não estão qualificadas para ocupar esses postos. “A pergunta que temos que fazer é: como vamos fazer esse match. Acho que esse é o nosso grande desafio”, disse.
 
Ele trouxe dados do mercado de trabalho, em especial do universo da indústria, citando desigualdades regionais e de gênero.
 
“Hoje, enfrentamos um grande desafio na indústria brasileira, que emprega cerca de 10 milhões de trabalhadores. Desses, 70% são homens e, do total, 72% possuem ensino básico completo. Esse perfil já reflete uma primeira diferença importante: a indústria emprega majoritariamente homens e exige níveis educacionais específicos”, destacou.
 
Foi esse cenário, segundo o presidente, que levou o CN-SESI e outros atores privados e governamentais a iniciarem o debate em torno de um projeto nacional de qualificação profissional, com foco em elevação de escolaridade e empregabilidade.

“O objetivo é atrair essas pessoas para o mercado de trabalho formal, oferecendo programas qualificados que atendam às demandas regionais e setoriais da indústria. Essa qualificação precisa ser planejada para que os trabalhadores permaneçam no mercado e contribuam para o desenvolvimento das empresas e das regiões”.
 
Para ele, o tema é central para o futuro do país e exige esforços conjuntos. “Somente com políticas públicas robustas e iniciativas coordenadas conseguiremos transformar esse desafio em uma oportunidade para o Brasil”.
 
Superação de barreiras
 
O diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, destacou em sua fala a importância de adequar a oferta de cursos às demandas locais. Além disso, afirmou que é necessário sensibilizar as pessoas atendidas para que, de fato, se matriculem e aproveitem as oportunidades oferecidas.
 
“Muitas dessas pessoas enfrentam dificuldades adicionais, como os custos relacionados à alimentação e ao deslocamento para cursar uma formação profissional. É essencial que haja uma contribuição complementar para tornar essa migração mais atrativa e garantir que essas pessoas ingressem em cursos de qualidade”, disse.
 
Bom problema
 
Para o ministro Luiz Marinho, a falta de mão de obra qualificada é um “bom problema”, fruto do crescimento da economia e do aquecimento do mercado interno.
 
Ele citou números do Novo Caged divulgados hoje, que apontam para a criação de 2,1 milhões de empregos formais de janeiro a outubro de 2024, com destaque para o saldo da indústria, como 429 mil novos postos.
 
“Ou seja, a indústria vem respondendo positivamente a esse novo cenário. É evidente que isso tudo faz parte de um esforço nacional. Um esforço de governo, um esforço da sociedade, um esforço da indústria, um esforço de dar previsibilidade, sustentabilidade, com inflação sob controle”, enumerou. “Penso que, com esse processo, temos a grande oportunidade de criar um novo patamar de qualidade no mercado de trabalho”.

Utilizamos cookies para permitir o funcionamento de nosso site e para coletar estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. Saiba mais em nossa política de cookies ou gerencie suas permissões. Fale com nosso DPO através do e-mail: lgpd.cnsesi@cnsesi.com.br