Educação, mudanças climáticas e tranformação digital marcam discussões no B20 Summit em São Paulo 

Evento discutiu os temas centrais para o futuro da economia global

Por: Vanessa Ramos
24/10/2024 - 18:07
Educação, mudanças climáticas e tranformação digital marcam discussões no B20 Summit em São Paulo 
Foto: Augusto Coelho/CNI

A cidade de São Paulo é palco, nesta quinta e sexta-feira, 24 e 25 de outubro, do B20 Summit Brasil, principal evento do setor privado do G20, que reúne as maiores economias globais. A plenária, realizada no Clube Monte Líbano, em Moema, conta com a presença de autoridades brasileiras e líderes empresariais. 

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, abriu o evento destacando a importância da transição energética, da transformação digital e do comércio global para o desenvolvimento do Brasil. “Se dermos um salto tecnológico e aproveitarmos inovações como a inteligência artificial, podemos conquistar um lugar de maior destaque no mundo”, afirmou. Alban ressaltou o potencial do país em liderar a economia de baixo carbono, aproveitando fontes de energia limpa, como solar, eólica e biocombustíveis. Ele também ressaltou que a digitalização dos processos produtivos é essencial para melhorar a produtividade e posicionar o Brasil de forma mais competitiva no cenário internacional. 

A primeira mesa após a abertura, “Liberando o potencial do capital humano: como proteger, construir e capacitar pessoas no enfrentamento dos desafios globais”, reuniu o professor Fausto Augusto Junior, presidente do Conselho Nacional do SESI, Jacqueline Mugo, presidente da Organização Internacional dos Empregadores (OIE), Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza (Magalu), e Dario Werthein, CEO da VRIO.

Entre os assuntos, esteve a discussão sobre a educação e o aprimoramento profissional em um cenário de transições digital e ecológica, tema central da fala do professor Fausto Augusto Junior. Ele ressaltou a necessidade de um acesso igualitário à educação desde as fases iniciais do aprendizado e reforçou o compromisso assumido no Congresso de Jomtien, em 1996, que estabeleceu a educação ao longo da vida como um direito. "Essa visão é ainda mais urgente diante das rápidas mudanças demográficas no Ocidente", afirmou, destacando a importância de políticas educacionais para lidar com o envelhecimento populacional. 

Fausto também abordou os desafios impostos pelas transformações tecnológicas sobre o trabalho e o emprego.

“As mudanças tecnológicas sempre impactaram o trabalho e o emprego, mas o desafio atual está no descasamento temporal, territorial e setorial que essas transformações provocam. Em países em desenvolvimento, há, ainda, uma complexa sobreposição entre práticas antigas e novas que persiste. A educação é essencial para superar esses descompassos. Não se substitui um conhecimento por outro, mas se integra e transforma os saberes adquiridos, criando uma base sólida para a adaptação contínua.”

Como estratégia, Fausto falou sobre a importância de preparar os jovens por meio de uma educação integral e tecnológica, que ofereça os diferentes letramentos exigidos pela nova revolução tecnológica e assegure uma transição adequada entre a escola e o trabalho.

“É fundamental implementar políticas que facilitem essa transição, mas também garantir que adultos possam se aprimorar por meio de processos de qualificação profissional, assegurando que as transições sejam menos excludentes. Também é essencial que as pessoas acima de 60 anos tenham acesso a transições mais acolhedoras”, defendeu. 

Ele destacou ainda a necessidade de que o mercado crie condições e adaptações para acompanhar essas mudanças, promovendo políticas empresariais que fomentem a inclusão e a integração entre diferentes gerações e perfis. 

Fausto encerrou sua participação frisando a necessidade de um diálogo constante entre governos, empresas e instituições de ensino. “Para enfrentar os desafios das transformações no mercado de trabalho, é fundamental romper as bolhas que isolam essas esferas. Não há solução isolada; é necessário um diálogo constante para alinhar consensos, definir objetivos claros e estratégias eficazes. Somente com a viabilização adequada de recursos e a estruturação de políticas permanentes será possível garantir que a qualificação e a requalificação profissional acompanhem as mudanças setoriais, temporais e territoriais, promovendo um desenvolvimento sustentável e inclusivo.” 

O B20 Summit Brasil continua nesta sexta-feira, 25 de outubro, com novos debates sobre o papel do setor privado nas mudanças econômicas e sociais necessárias para um desenvolvimento sustentável.

 




Fotos: Augusto Coelho/CNI

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