Mulheres líderes dos Brics discutem inclusão, sustentabilidade e protagonismo feminino no cenário internacional

Plenária da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics reúne lideranças no Museu de Arte do Rio; Conselho Nacional do SESI marca presença com representante da Amazônia e da indústria brasileira

Por: Vanessa Ramos
04/07/2025 - 19:10
Mulheres líderes dos Brics discutem inclusão, sustentabilidade e protagonismo feminino no cenário internacional
A presidente da FIER, Izabel Itikawa, falou para mulheres de todo mundo durante a abertura do WBA | Foto: Marcio Mercante/CNI
A plenária da Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS (WBA, na sigla em inglês) reuniu lideranças femininas de países-membros do bloco nesta sexta-feira (4), no Museu de Arte do Rio (MAR), para debater estratégias de inclusão, sustentabilidade e protagonismo nos negócios.
 
O encontro, que marcou o encerramento das atividades temáticas da presidência brasileira no BRICS, contou com o apoio do Conselho Nacional do SESI (CN-SESI), que também integrou a programação com uma representante da Amazônia e da indústria brasileira.
 
Com foco na inclusão, sustentabilidade e desenvolvimento conjunto, a WBA concentrou sua atuação em quatro eixos principais ao longo de 2025: estímulo à geração de negócios, elaboração de propostas de políticas públicas, cooperação internacional e acolhimento de novos integrantes.
 
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a instituição responsável pela coordenação das ações da aliança neste ciclo. A plenária final reuniu as principais contribuições construídas ao longo do ano e definiu diretrizes a serem levadas à cúpula dos chefes de Estado do BRICS.
 
Durante a programação, lideranças femininas de diversas áreas compartilharam trajetórias e reforçaram o papel das mulheres como agentes de transformação no fortalecimento das economias emergentes e na construção de redes globais de colaboração.
 
Amazônia em destaque
 
Representando o Conselho Nacional do SESI na abertura do evento, Izabel Itikawa, presidenta da Federação das Indústrias de Roraima, reforçou a importância de incluir a Amazônia nas decisões estratégicas do bloco. Ela destacou o papel das mulheres amazônidas na construção de soluções com impacto global.
 
“Venho do extremo norte do Brasil, da floresta que respira por todos nós. A Amazônia é uma potência não apenas pela biodiversidade ou pelas riquezas naturais, mas sobretudo pelas pessoas que ali vivem — mulheres que resistem, empreendem, produzem e lideram”, afirmou.
 
Izabel também defendeu maior articulação entre governos, setor privado e lideranças locais para enfrentar os desafios ainda presentes. “Sabemos que enfrentamos desigualdades históricas, dificuldades de acesso a crédito e políticas que muitas vezes não chegam às pontas. Mas este espaço demonstra que as soluções também podem partir de nós. Precisamos de visibilidade, mas também de articulação, dados, cooperação técnica e compromisso real.”
 
A dirigente destacou ainda iniciativas em andamento na região Norte, como programas de qualificação profissional com recorte de gênero e ações voltadas ao empreendedorismo feminino. À frente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Grãos de Roraima, Izabel lembrou que a segurança alimentar também está no centro do debate. “Nosso foco é produzir com responsabilidade para garantir alimento ao estado, ao Brasil e ao mundo.”
 
Para ela, a realização da plenária no Brasil, durante a presidência brasileira do BRICS, é simbólica e estratégica. “Este encontro não é apenas uma agenda institucional. É uma declaração de futuro. E o futuro que queremos passa pela coragem, pelas mãos e pela visão de cada uma de nós, mulheres.”
 
Liderança feminina na economia global
 
Chefe de Gabinete da Presidência da CNI e Superintendente de Compliance e Integridade, Danusa Costa Lima ressaltou o papel estratégico das mulheres na economia global. “Nosso objetivo é conduzir uma agenda eficaz com entregas relevantes e foco em ações que fortaleçam as empresas e a economia”, disse.
 
Segundo ela, a entrada de novos países no BRICS torna ainda mais urgente a integração de diferentes realidades em um projeto comum de desenvolvimento. “Esse projeto só se tornará realidade com a união de todos e a efetiva participação das mulheres.”
 
Danusa também lembrou que, apesar dos avanços, os desafios ainda são grandes: no Brasil, apenas 20% das empresas são lideradas por mulheres. “Isso reforça a importância de iniciativas como a WBA para promover a liderança e o empreendedorismo feminino. A inclusão produtiva feminina não é apenas uma questão de justiça social. É uma ação que promove a competitividade e a sustentabilidade das empresas no longo prazo.”
 
Ela afirmou ainda que a CNI continuará colaborando com a próxima presidência da WBA, que será assumida pela Índia, apoiando a continuidade dos projetos e fortalecendo os laços entre os países-membros.
 
Saúde, produtividade e liderança na indústria
 
A psicóloga Georgia Antony, especialista do SESI Nacional, foi uma das palestrantes da plenária da Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS. Com base em análises conduzidas pelo grupo de trabalho de Saúde da Mulher na Indústria, ela apresentou um panorama dos impactos dos fatores psicossociais sobre a permanência e o desempenho feminino no setor.
 
“Há indícios de maior rotatividade entre as mulheres, com menor tempo de permanência na indústria em comparação aos homens”, afirmou. Segundo ela, os dados sugerem que muitas profissionais enfrentam dilemas na conciliação entre vida pessoal e carreira. “A busca por ascensão profissional pode demandar escolhas que impactam a formação de família”, disse.
 
 
Georgia Antony, psicóloga do SESI Nacional, durante apresentação na Aliança Empresarial de Mulheres do BRICS sobre os desafios das mulheres na indústria | Foto: Paulino Menezes
 
Georgia também destacou que, apesar de adotarem comportamentos mais saudáveis do que os homens, como consumir menos álcool e tabaco, as mulheres enfrentam sobrecarga emocional, insônia e altos níveis de estresse. “Ela dorme pior, se sente muito estressada, e isso piora o perfil de risco”, explicou. “Mesmo se cuidando mais, ela está ocupada demais para cuidar de si como deveria”.
 
De acordo com a especialista, os fatores psicossociais são os que mais prejudicam a produtividade feminina. Ela acrescentou que muitas mulheres relatam desânimo, insatisfação com as condições de trabalho e cansaço extremo. “Tem mulher dizendo que não tem vontade de ir trabalhar, que falta por mais de três dias no mês”, observou.
 
Para Georgia, os dados confirmam a urgência de incluir as condições de vida e os determinantes sociais da saúde nas soluções inovadoras voltadas ao sistema de saúde. “Ela luta para estar nesse lugar, abre mão de muita coisa, mas está lidando com barreiras que continuam impactando a produtividade”, concluiu.
 
Participação do CN-SESI
 
O CN-SESI também marcou presença nos grupos de trabalho do Fórum Empresarial do BRICS 2025 nesta quinta-feira (4), no Píer Mauá, no Rio de Janeiro.


Altair Garcia, gerente de Planejamento, Gestão e Fiscalização do CN-SESI, no GT de Desenvolvimento de Habilidades, Tecnologia Aplicada e Inovação | Foto: Paulino Menezes
 
A entidade apoia o Conselho Empresarial do BRICS (Cebrics), que reúne representantes do setor produtivo dos países-membros, e contribui ativamente com os grupos temáticos sobre Desenvolvimento de Habilidades, Tecnologia Aplicada e Inovação, e sobre Economia Digital e Inteligência Artificial.
 
O fórum antecede o encontro dos chefes de Estado do bloco e reúne autoridades públicas, empresários, lideranças acadêmicas e especialistas para debater os rumos das economias emergentes e a construção de novas pontes de cooperação global.

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