Seminário Internacional do SESI destaca inclusão e transformação social na Educação de Jovens e Adultos no país

Autoridades da educação e da indústria reforçam o papel estratégico da EJA no desenvolvimento social e na formação voltada ao mundo do trabalho

Por: Luisa Bretas e Vanessa Ramos
03/06/2025 - 15:35
Seminário Internacional do SESI destaca inclusão e transformação social na Educação de Jovens e Adultos no país
Seminário Internacional SESI, em Santa Catarina, na FIESC. Foto: Vanessa Ramos
A abertura do Seminário Internacional de Educação de Jovens e Adultos, realizada nesta terça-feira (3), em Florianópolis (SC), reuniu lideranças do setor industrial e educacional em torno da valorização da EJA como instrumento de inclusão e transformação social.

Em um momento que marca os 10 anos da Nova EJA do SESI, autoridades destacaram a importância de metodologias flexíveis, articulação com o trabalho e políticas públicas estruturantes para ampliar o acesso à educação de qualidade.

O presidente do Conselho Nacional do SESI, Fausto Augusto Junior, foi um dos participantes da mesa de abertura e ressaltou o protagonismo dos educadores na construção da EJA no Brasil. Segundo ele, são os professores que, no cotidiano, adaptam currículos, criam metodologias e constroem caminhos para reintegrar aos estudos aqueles que foram excluídos do sistema escolar.

“Quem faz a EJA no Brasil são os professores, que criam possibilidades para recuperar e trazer de volta aos espaços escolares aqueles que, por muitos motivos, deixaram a escola”, afirmou.

Fausto destacou que o SESI é a rede com maior número de alunos de EJA fora do setor público — e, em alguns casos, até acima de redes municipais e estaduais —, atendendo atualmente mais de 100 mil estudantes em todo o país.

“Nada é mais significativo para o compromisso de não deixar ninguém para trás do que a EJA”, disse ele, ao lembrar os 10 anos da Nova EJA SESI e a importância de marcos regulatórios que permitam avançar ainda mais na área.

Para o presidente do CN-SESI, o debate sobre EJA precisa ser permanente, diante do histórico de abandono da modalidade no país.

“Precisamos contribuir com essa etapa que é tão negligenciada”, completou.

Fausto também abordou como o Programa SEJA PRO+ — uma parceria recém-lançada entre o SESI e o Ministério do Trabalho e Emprego — dialoga com a necessidade de incluir cada vez mais pessoas na EJA, possibilitando que a conclusão dos estudos venha acompanhada de uma formação profissional.

Além do presidente do CN-SESI, participaram da mesa de abertura o diretor superintendente do SESI Nacional, Paulo Mól, e o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria.

Em vídeo, o presidente da FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), Mario Cezar de Aguiar, afirmou o prazer de ceder o espaço para o 1º Seminário Internacional de Educação para Jovens e Adultos, em prol do desenvolvimento da sociedade e da indústria, com o objetivo de fornecer desenvolvimento atrelado às demandas conectadas ao trabalho.

Para ele, a EJA foca na transformação, inclusão e oportunidade para todos. “Em um mundo cada vez mais dinâmico, inovador e exigente, é essencial garantir oportunidades de formação acessíveis, flexíveis e conectadas às demandas do mundo de trabalho. Juntos vamos construir um legado duradouro”, finalizou o presidente da FIESC.

O diretor superintendente do SESI, Paulo Mól, afirma que a instituição atua desde sua fundação, em 1946, sempre alinhada às demandas do mundo do trabalho.

“Há 10 anos, demos um salto inovador com a Nova EJA, um projeto que redefiniu a educação para trabalhadores, combinando flexibilidade, reconhecimento de saberes e uma matriz curricular alinhada ao perfil do estudante. Um modelo educacional inovador que já impactou mais de 700 mil estudantes em todo o Brasil”, afirma o diretor superintendente.

Para ele, a Nova EJA reflete o compromisso do SESI com uma educação inclusiva e de qualidade, preparando jovens e adultos não apenas para a certificação, mas para uma atuação crítica e autônoma na sociedade e no trabalho.

A Nova EJA do SESI tem uma taxa de aprovação de 71%, atuando como porta de entrada para o mercado de trabalho. A base de sua metodologia inclui: reconhecimento de saberes, matriz curricular dinâmica, metodologias ativas, tecnologia integrada e articulação com o mundo do trabalho.

O secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria, afirmou que a educação de jovens e adultos (EJA) continua sendo tratada de forma secundária no Brasil, mesmo sendo uma via estratégica de transformação social. Segundo ele, ainda são frágeis as políticas públicas, as linhas de financiamento e as oportunidades efetivas voltadas à realidade desse público.

“A EJA é muito subestimada no Brasil. Na verdade, ela é uma alavanca — uma palavra um pouco feia, mas verdadeira — de mobilidade social, de desenvolvimento das pessoas, das suas comunidades e do país”, declarou.

Alegria destacou que a Fundação Roberto Marinho adaptou sua metodologia para atuar diretamente com secretarias estaduais e municipais de educação, contribuindo para que aproximadamente 1,8 milhão de estudantes retomassem seus estudos e concluíssem a educação básica.

“Pensar numa educação mais flexível, que dialogue com a vida real das pessoas, deveria estar permanentemente na cabeça dos tomadores de decisão. É algo que vemos presente no trabalho do SESI, que tem sido uma inspiração constante neste campo”, completou.

O primeiro dia de evento é marcado pelo debate curricular e a transformação social da EJA, as potencialidades da modalidade na atualidade, a educação voltada para o mundo do trabalho e o impacto da EJA nas comunidades ribeirinhas e sistema prisional.

O Seminário Internacional de Educação para Jovens e Adultos acontece nos dias 3 e 4 de junho, na FIESC.

Utilizamos cookies para permitir o funcionamento de nosso site e para coletar estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. Saiba mais em nossa política de cookies ou gerencie suas permissões. Fale com nosso DPO através do e-mail: lgpd.cnsesi@cnsesi.com.br